sábado, 30 de maio de 2015

O bobi e o mosca

Há uns anos atrás tive um cão daqueles grandes, só para terem uma ideia, na posição de pé tinha quase o meu tamanho. Era um cão dócil, simpático e obediente. E com a sua altura metia respeito. Não tinha raça definida. O pelo era totalmente preto. Era só dizer: - bobi, vamos à rua! Que o animal espetava as orelhas e ficava inquieto a dirigir-se para a porta em sinal de que já devíamos ter ido. Lá lhe metia a trela e íamos os dois passear. Na minha rua havia outro cão, o mosca. Era o animal de estimação da dona Teresa, um pincher, castanho, de 3 kg muito energético que passava a vida a ladrar e a pular no muro da casa dela. Também ela gostava de dar uma volta com o mosca pelas redondezas. Nesse dia encontramo-nos. O mosca arreganhou logo os dentes para o meu bobi em sinal de ameaça. O meu cão sentiu-se intimidado e escondeu-se logo atrás das minhas pernas e com o rabo entre as patas. Diz a dona Teresa: - bobi, não tenhas medo! Um cão do teu tamanho não devia ser assim tão medricas! Eheheh! Mas o bobi continuou na defensiva. Fiquei constrangida com atitude dele. Pensei era só que me faltava um cão com medo de uma mosca! A vizinha continuou o seu passeio, enquanto eu resolvi ter uma conversa de pé de orelha com o meu bobi. E disse-lhe: - bobi, meu grande morcão! Com esse cabedal todo e estás com medo daquela mosca sem asas!? Faz-te cão, mostra-lhe quem manda! Arreganha-lhe os dentes e faz-lhe num oito! Se não ficas sem os teus biscoitos preferidos até ao ano que vem. Estás avisado! O bobi, percebeu a minha reprimenda e olhou para mim com os olhinhos tristes em sinal de culpa. Na outra semana a seguir fomos novamente dar uma caminhada e novamente encontramos a dona Teresa cheia de nove horas com o convencido do mosca. E eu disse logo baixinho ao meu bobi: - Vê lá se colocas o lingrinhas do mosca no seu devido lugar! Mostra-lhe quem manda! Não te esqueças que és o mais forte! Enquanto cumprimentava a vizinha, o mosca começou logo a ladrar e a rosnar para o meu cão. Dei-lhe um pequeno e disfarçado puxão na coleira para lembrar ao bobi das minhas recomendações. O bobi olhou para mim como acordasse de um transe hipnótico e do nada começou a ladrar bem alto e a puxar a trela para ver se mordia o lorpa do mosca. Eu mal conseguia disfarçar a minha alegria perante a sua atitude corajosa! O mosca que não contava com a reacção do bobi, ficou assustado, a ganir e a vizinha teve mesmo que lhe pegar ao colo para o acalmar. Depois de me despedir da vizinha e do derrotado mosca. Dei um enorme abraço ao meu bobi pela sua vitória! Que abanava o rabo sem parar em sinal de triunfo e de alegria. Dali para a frente o meu cão ficou com outra atitude, muito mais seguro e confiante. E ganhou os merecidos biscoitos que tanto adorava!

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