terça-feira, 17 de maio de 2016

Eu também sofri bullying


No meu tempo de escola não se falava no termo bullying, mas ele já existia na sociedade e nas escolas principalmente. Eu própria sofri bastante bullying dos meus colegas. Era uma menina tímida, insegura, reservada, com problemas de visão e de fala. Quando entrei para a primeira classe não conseguia ver os números escritos no quadro de lousa. A minha professora apercebeu-se que o problema era da visão. Resultado, a professora falou com a minha mãe sobre as suas suspeitas e um dia apareci à escola com um óculos muito grossos, em que as lentes pareciam vidros de garrafa. Tinha uma miopia bastante elevada para a minha tenra idade. Lembro-me que para subir os degraus das escadas da escola tinha que me agarrar ao muro, tal era o efeito da graduação. No meu primeiro dia em que usei óculos entrei confiante na minha sala de aulas. Conhecia bem os meus colegas da minha classe, por isso não vi qualquer motivo para me preocupar. Mas ao contrário do que eu pensei fui tratada com crueldade pelos colegas e amigos da sala. Que riam compulsivamente e teciam comentários cruéis e maldosos sobre a minha pessoa. Mesmo com a reprovação da professora, os risos e caretas dissimulados continuavam. Na hora do recreio a reação foi muito pior, os alunos das outras turmas gozavam-me, empurravam-me e chamavam-me "caixa de óculos", "vidrinhos" ou "és mesmo feia!" Foi um dia muito complicado para mim. Quando cheguei a casa, banhada em lágrimas disse aos meus pais que não queria ir mais para a escola. Os meus pais convenceram-me que no outro dia seria bem melhor, mas nunca foi... Com o tempo, vamos criando uma capa de aparente indiferença que atenua um pouco o sofrimento. Como se os insultos, as ofensas e os risos maléficos não me pudessem atingir, porque simplesmente os ignorava ou fingia que não ouvia. Muitos outros episódios de bullying aconteceram comigo durante o meu trajecto académico. Mesmo no preparatório, era a vítima perfeita para alguns adolescentes problemáticos descarregarem a sua agressividade.  Hoje em dia, consigo analisar com clareza que muitos desses adolescentes que me batiam e ofendiam sem motivo aparente, eram provenientes de lares desequilibrados ou destruídos. A minha forma educada, reservada de ser em conjunto com os meus problemas visuais e linguísticos irritava-os profundamente. Como se eu estivesse a pedi-las, como eles mesmo diziam.

1 comentário:

  1. Olá. E hoje és uma mulher linda. No meu tempo, chamava a brincar caixa de óculos, aos colegas, mas nunca nenhum se sentiu mal por causa disso, e até se riam. Eu sempre soube brincar, mas sem ter a intenção de ofender as pessoas. sempre soube os meus limites. Os meus colegas,
    faziam de mim um coxo, isso sim.....Lol... Nos tempos do ensino
    preparatório, existiam as caçadinhas, mas depois fizemos outro jogo com as caçadinhas, em que tinhamos de andar ao pé coxinho na chamada brita, aquelas pedrinhas pequeninas e só podíamos correr no cimento. Assim
    era. Os meus colegas na parte do pé coxinho, diziam que eu podia correr, mas eu sempre corri bem, dentro do normal. O defeito nunca foram as pernas...lol. Mas sim, os colegas sempre me trataram bem. mas hoje em dia, existe muito disso, infelizmente- beijos

    ResponderEliminar